jueves, 14 de abril de 2016

PIERO DE VICARI, poeta argentino y universal. Traducciones de sus poesías al portugues.















COMPARTO CON LOS AMIGOS ALGUNOS DE MIS POEMAS TRADUCIDOS AL PORTUGUÉS POR EL POETA ANTONIO MIRANDA


A BIBLIA, AO CONTRÁRIO

desenhada assim
com esta injusta de embaralhar os naipes
a humanidade
é apenas um tremor
uma idade amarela
para os excluídos


REDE CONCEITUAL

tomemos a visão do poeta:
um rio não é um rio
senão um dromedário numeroso
de lombos fugidios

tomemos a visão do geógrafo:
um rio não é um rio
senão o deslocamento
de afluentes hídricos

tomemos a visão do biólogo:
um rio não é um rio
senão o habitat aquoso
de entidades bióticas e abióticas

tomemos o exemplo do matemático:
um rio não é um rio
senão o coeficiente que resulta
de restar a abstração de certos números

tomemos a visão do filósofo:
um não é um rio
senão a especulação baseada em um elemento líquido
no qual jamais nos banharemos duas vezes

muito bem, e em resumo:
um não é um rio
senão um dromedário que sua cartográfico habitat
deambula especulando
entre coeficientes imaginários
ergo: um não existe

inquietude final:
entenderá o homem
que essa aguinha que molha seus pés na margem
em verdade, é apenas uma ilusão ótica?

SAND CLOCK

Montado em cima da televisão da sala
um diminuto relógio de areia
deixa fluir as horas
grão a grão
como um traidor à espreita

apesar de suas ínfimas proporções
se ergue sobre meus dias
com o moral do vitimário
deleitando-se
na cena do crime

duvido que este poema mereça
o desagravo à sua odioso tarefa
mesmo assim escrevo, pedra a pedra
estas palavras
não seja que a parca se disfarce de tempo
e afile seu gadanho entre meus dentes
justo no umbral
no mesmíssimo umbral
do último grão por cair



BIBLIOTHEKAI ALEXANDRIA

seguro de si mesmo
Calímaco de Cirene
repousa o olhar em um universo errante

não o esmaga o conteúdo
desvela-o essa necessidade de ter à mão
de dar-lhe uma ordem
um forma alfabética de registrar a memória

com seus dedos
acaricia — metaforicamente —
cada estante
cada pinakoi
e se comove com o murmúrio de nomes
de crenças e ritos
pistas ancestrais que depuram
os vestígios de uma raça afastando-se do símio

logo, reordena com paciência os rolos
e do catálogo
navegam à vontade
as vozes do homem novo

para ele não é utópico pensar que o mundo
fique reduzido a essas tábuas
para ele não há idiomas, língua ou balbucio
que detenha a compreensão do já vivido

insatisfeito, exausto mas íntegro
Calímaco descansa ao finalizar o dia
Sabendo que a luz não só provém dos astros
senão que cada lâmpada estala
seminalmente na escritura

então a cinza, toda pretensão do saber
então, o bibliotecário dorme...
e em seu sonho, o fogo o desborda
condena à cinza, toda pretensão do saber
uma história que, por humana, merece ser havida

longes das premonições,
o homem de Cirene desperta:
a manhã devolve a algazarra dos pássaros
e o mar (eterno, imponente)
se filtra novamente em seu nariz
com esse mesmo odor
das coisas perduráveis...

fuente: FACEBOOK.COM DEL POETA PIERO DE VICARI

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